domingo, 17 de outubro de 2010

Estreia de Harry Saco

Era uma sexta especial para muita gente, menos pra mim. O quinto filme de Harry Potter estrearia em todas as grandes salas de cinema do mundo e minha atual ex-namorada comprou um par de ingressos. Contra minha vontade, fui ao cinema.
Ao chegar por lá, já era possível perceber algumas modificações no shopping. Não era preciso procurar muito para se deparar com seres vestidos de bruxos portando varinhas gritando frases em latim semelhantes aos feitiços da série. Naquele momento minha consciência urrava em meus ouvidos: “Desapareça!” No entanto, resolvi dar uma chance ao bruxinho de óculos quebrados. Fiquei.
O filme começaria às oito da noite. Cinco e meia da tarde eu já estava na fila da entrada, entre as pessoas sem noção com capas e gravatas esquisitas que gritavam sem parar. Eu cheguei a ver um garoto com uma miniatura de Potter em seus braços. Nesse momento, minha consciência já tinha desaparecido e acabara de mandar uma mensagem para o meu celular dizendo: “Hahaha se fode aê!”. Depois de recusar jornais do Harry Potter e receber alguns feitiços, as portas da sala do cinema se abriram. Parecia que Moisés acabara de abrir o mar. Refrigerantes e pipocas caindo no chão, pessoas se atropelando para pegar o melhor lugar entre os oito mil no cinema. Coisa linda de se ver.
Esse tempo entre a entrada no cinema e o começo do filme é uma tortura. As pessoas tentam se encontrar no cinema e começam a urrar como selvagens: “Ô Jéssica!! Tô aqui! Vem logo!!”. O ritmista da porto da pedra entoava: “Alô São Gonçalo.”
[O problema de morar em Niterói é que é perto de São Gonçalo. Enquanto a luz do cinema não se apagava, era possível descobrir facilmente a origem das tribos. Alô Alcântara, Alô Tribobó e Alô para outros belíssimos lugares.
A cidade de São Gonçalo está no livro de turismo do Rio de Janeiro exatamente assim:
São Gonçalo: (Passe rapidamente.)]
Desculpem-me por falar um pouco de São Gonçalo, mas é que eu não aguento paraibagens do tipo: “ô Wanderkleyysson, vem logo nem.”
Voltando ao filme: A gritaria estava no fim quando algum terrorista resolveu apagar as luzes do cinema. A galera com sangue Gonçalense recomeçou a selvageria porque o trailer (a salvação dos atrasados) iria começar.
Como nesse dia eu não estava com sorte, o primeiro filme anunciado pelo trailer era da saga Crepúsculo, que de saga não tem nada, é só uma sequencia de filmes que enriqueceu seus atores e diretores. Assim que apareceu o lobinho sem camisa, as meninas começaram a entoar gritos agudos capazes de derrubar as paredes do cinema ou chegar ao tom das músicas da banda Restart.
Enquanto minha consciência estava na praia mandando fotos pra mim de seu passeio e me sacaneando, o filme prosseguia. O grande problema é que o bruxinho, com dezenove anos, sentia os primeiros efeitos de seus hormônios e as pessoas de quinze anos gritavam em todas as cenas. Um abraço entre Harry sua amada era suficiente para outro momento gritaria, e meus ouvidos não aguentavam mais.
Depois de duas horas e cacetada na sala de cinema, o filme acabou. Imaginei que o pesadelo havia acabado, mas me esqueci que pessoas anormais levam máquinas de tirar foto para o cinema. Assim, tive que esperar a sessão de fotos dos Gonçalenses acabar para poder ir embora.
Era a tão esperada hora de comer alguma coisa. Mas assim que vi a invasão Gonçalense na praça de alimentação, optei pela fome. Saí as pressas do cinema e fui pra casa, certo de que jamais aceitaria novamente convite para sessões de estreia, e muito menos pra ir pra São Gonçalo.
Até a próxima.
Mobilio

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